segunda-feira, 13 de maio de 2013

Crack, a pedra da morte

Usuários de crack na região conhecida como
Usuários de crack na região conhecida como "Cracolândia", em São Paulo

Estamos em aguda e profunda crise urbana e social relacionada ao crack, essa droga avassaladora, aniquiladora e mortal que vem fazendo vítimas e mais vítimas diariamente em todo canto do nosso país. O crack traz a morte em vida do seu usuário, arruína a vida dos seus familiares, aumenta a criminalidade onde se instala, degrada e mata mais do que todas as outras drogas juntas.

De poder sobrenatural, o crack pode viciar o usuário já na sua primeira ou segunda experiência e o que vem depois é a tragédia certa. Crack e desgraça são indissociáveis e quase palavras sinônimas. Relatos dos seus usuários e familiares, fatos policias diários e opiniões de especialistas sobre os efeitos e as conseqüências nefastas da droga podem ser resumidos em três palavras tão básicas quanto contundentes: sofrimento, degradação e morte.
A composição química do crack é simplesmente horripilante e estarrecedora. A partir da pasta base das folhas da coca acrescentam-se outros produtos altamente nocivos a qualquer ser vivo, tais como: ácido sulfúrico, querosene ou solvente e a cal virgem, que ao serem processados e misturados se transformam numa pasta endurecida homogênea de cor branco caramelizada onde se concentra mais ou menos 50% de cocaína, ou seja, meio à meio cocaína com os outros produtos altamente nocivos citados. A droga é fumada pura, misturada num cigarro comum ou num cigarro de maconha que recebe a denominação de "bazuca".
A fumaça altamente tóxica do crack é rapidamente absorvida pela mucosa pulmonar excitando o sistema nervoso, causando inicialmente euforia e aumento de energia ao usuário, com isso advém a diminuição do sono e do apetite com a conseqüente perda de peso bastante rápida e expressiva. Logo os efeitos nefastos aparecem para os seus usuários, tais como: aceleração ou diminuição do ritmo cardíaco, dilação da pupila, elevação ou diminuição da pressão sanguínea, calafrios, náuseas, vômitos, convulsão, parada respiratória, coma ou parada cardíaca, infarto, doença hepática e pulmonar, hipertensão, acidente vascular cerebral (AVC). Além disso, para os fracos e debilitados usuários sobreviventes, ao longo do uso da droga, há perda dos seus dentes, pois o ácido sulfúrico que faz parte da composição química do produto assim trata de furar, corroer e destruir a sua dentição. O crack também causa a destruição dos neurônios e provoca a degeneração dos músculos do corpo do seu usuário, fenômeno esse conhecido na medicina como rabdomiólise, o que dá aquela aparência esquelética ao indivíduo com ossos da face salientes, pernas e braços finos e costelas aparentes.


O crack é tão perigoso que até o próprio traficante que tem consciência desse perigo, de tal droga não faz uso. Dificilmente e raramente um traficante usa o crack o que não ocorre com os outros tipos de drogas em que muitos deles também as utilizam em consumo próprio.
A disseminação do crack é constante e diariamente prende os menos avisados assim como uma teia de aranha para as suas presas, transformando as suas vítimas em verdadeiros mortos-vivos a perambular pelo submundo da sociedade.  A seguir o resultado de pesquisas de estudos da USP sobre a droga


o usuário de crack inala não apenas a cocaína, mas também uma substância derivada de sua pirólise, um éster denominado metilecgonidina (AEME). Essa substância provoca a morte de neurônios de um modo muito mais agressivo do que aquele observado quando o usuário cheira ou injeta a cocaína, como mostram estudos realizados na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP.
O crack é a mistura da pasta bruta de cocaína, bicarbonato de sódio e água." Quando o usuário aquece a pedra de crack, ele acaba por inalar não apenas a cocaína (um alcaloide) mas também a AEME, um éster. Por isso, os danos são muito maiores, pois o usuário sofre os efeitos tanto da cocaína como da AEME" , explica a professora Tania Marcourakis, do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da FCF, que é responsável por uma linha de pesquisa sobre o tema.Os pesquisadores realizaram estudos (in vitro) utilizando uma cultura primária de neurônios extraídos do hipocampo (região do encéfalo ligada à memória) de fetos de ratos. Os cientistas descobriram que nas amostras onde incubaram a AEME e a cocaína juntas, durante um período de 48 horas, houve pelo menos 50% mais mortes de neurônios, em comparação às amostras onde a cocaína e a AEME foram incubadas isoladamente na cultura primária de neurônios. Estes resultados indicam que o usuário de crack pode estar exposto a uma maior neurodegeneração em relação aos usuários de outras formas de uso da cocaína.
Este estudo foi realizado durante o mestrado do aluno Raphael Caio Tamborelli Garcia, " Efeitos neurodegenerativos da metilecgonidina e da cocaína em cultura celular primária de hipocampo" , apresentado em 2009 sob a orientação da professora Tania.
Atualmente, Garcia está cursando o doutorado nos Estados Unidos onde investiga os efeitos da AEME no cérebro de ratos. " A pesquisa tem o objetivo verificar se a AEME é apenas neurotóxica ou se também contribui para a dependência ao crack" , explica a professora.
Sabe-se que a fumaça que o usuário inala com a queima da pedra do crack é absorvida rapidamente pelo organismo, provocando, do mesmo modo, um efeito muito rápido. Então, quanto mais o usuário fuma, mais rápido é o efeito. E quanto mais ele fuma, mais ele quer fumar, e mais rápido se torna dependente da droga.
Segundo estudos realizados por especialistas na área, as dificuldades para o tratamento dos viciados em crack também são imensas, por isso, a grande preocupação das autoridades ligadas ao tema da intensa problemática. É preciso de extrema força de vontade do próprio viciado para poder se livrar desse malefício infernal.

A conscientização e o investimento em massa na área da educação e na prevenção, com aulas, palestras, seminários e um convívio mais profundo e dialogado no seio da sociedade especialmente entre pais e filhos, poderá livrar-nos dessa epidemia. Não podemos achar que a polícia ou a medicina resolverão os problemas, que, muitas vezes, se iniciam nos lares, escolas e outros lugares de convivência, principalmente dos jovens, mais expostos, por vários motivos, à atração do mundo das drogas.

No País do futebol precisamos sempre formar mais e mais competentes e excelentes atletas craques da bola, do esporte e não incompetentes e debilitados cracks desta droga satânica. 


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