quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Dia dos Professores.O que está acontecendo?

O texto a seguir não foi escrito por mim mas, como vivo a realidade atual de nossas escolas, considerei uma justa homenagem do autor do mesmo que é Psicólogo e uma brilhante reflexão. 


Dia 15 de outubro, dia dos professores. Primeiramente, gostaria de parabenizar todos os mestres. Mesmo que seja uma profissão como outra qualquer, essa em específico, me faz ser um admirador pela possibilidade de educar e passar conhecimento ao próximo.

Vemos com frequência nos dias de hoje, que todos os dias são comemorados alguns "movimentos". Esse movimento se da devido a divulgação de informações, principalmente pelas redes sociais, que hoje se fazem de fácil acesso à grande maioria. Porém, qual o significado de comemorar um dia, como por exemplo, o dia dos professores?

Talvez estejamos compartilhando imagens, frases bonitas, decorativas, que nos tragam uma boa quantidade de "curtidas" e "compartilhamentos", mas o que realmente fazemos diante do assunto prestigiado em cada dia que se passa?

Os professores passaram por um processo de regressão absurdo dentro da nossa cultura. Desde minha época escolar, pré-escola, ensino fundamental, ensino médio, para hoje, o que não é um grande período de tempo, consigo observar mudanças onde não enxergo pontos positivos nas mesmas, por exemplo:

- Fui educado por pessoas que eram respeitadas pelos meus pais e por boa parte da sociedade. Hoje, vejo alunos baterem em professores, e pais demitindo os mesmos por estabelecerem regras necessárias aos seus filhos.

- Fui educado por pessoas que eram consideras protagonistas em possibilitar à mim, uma oportunidade de desenvolvimento biopsicossocial adequado. Hoje vejo profissionais desvalorizados e censurados por motivos sócio-políticos.

- Fui educado por pessoas que podiam se orgulhar em serem tais profissionais na rua, simplesmente por serem reconhecidos. Hoje, brigam por ter um salário que seja capaz de proporcionar uma vida digna. 

O que está acontecendo? Quando paramos de nos importar com a educação e o desenvolvimento dos nossos filhos, considerando esses, dentro de uma sociedade, a qual não podemos negligenciar para o bem de todos inclusive deles?

Acredito que hoje tenho a oportunidade de compartilhar as minhas ideias e experiências profissionais, pois tive vários mestres ao decorrer da vida, e ainda tenho, e terei, até o final dela.

Venho aqui, através dessa publicação, agradecer à todos os professores e mestres da vida que passaram pela minha existência. Agradeço por me ensinarem a aprender, sem vocês, nada do que tenho conquistado em mim vida teria sido possível. Só agradeço. Obrigado.

"Professores ideais são aqueles que se transformam em pontes e que convidam os alunos a cruzá-la, depois de ter facilitado sua passagem, com alegria e colapso, incentivando-os a criar pontes a partir de suas próprias atitudes." (Nikos Kazantzakis)

(Júlio Furlaneto - Psicólogo de Campo Grande - MS)

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Discurso Indireto: Estudo comprova que smartphone é prejudicial aos r...

Discurso Indireto: Estudo comprova que smartphone é prejudicial aos r...: Como muita gente já desconfiava, uma pesquisa da Universidade de Baylor, nos Estados Unidos, confirmou que os smartphones podem sim ser p...

Estudo comprova que smartphone é prejudicial aos relacionamentos amorosos.

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Como muita gente já desconfiava, uma pesquisa da Universidade de Baylor, nos Estados Unidos, confirmou que os smartphones podem sim ser prejudiciais aos relacionamentos amorosos e que, em alguns casos, podem levar à depressão.
O estudo “Minha vida tornou-se uma grande distração para meu telefone celular: Phubbing e satisfação com o relacionamento entre parceiros românticos” foi publicado no diário científico “Computers in Human Behavior” e contou com 453 participantes.
A ideia era analisar os efeitos do “Pphubbing” (hábito de utilizar o celular enquanto se está ao lado do parceiro) nos relacionamentos e o resultado foi a descoberta de um impacto bem negativo, como era de se esperar.
O grupo de pesquisadores identificou como um padrão que, quando alguém percebe que seu parceiro está deixando-o de lado para ficar no celular, isso cria conflitos e gera insatisfação. Essa insatisfação com o relacionamento, acarreta níveis mais baixos de satisfação com a vida e, o que acaba elevando os níveis mais elevados de depressão.
Na primeira etapa da análise, 308 adultos foram ouvidos e criou-se uma “escala de Pphubbing”, com nove hábitos comuns entre usuários de smartphones, taxados pelos próprios participantes como “esnobes” ou individualistas, numa tradução adaptada.
As reclamações mais frequentes categorizadas foram: “Meu parceiro coloca o seu celular onde ele pode vê-lo quando estamos juntos” e “Meu parceiro checa a tela do celular enquanto fala comigo”.
A segunda etapa contou com depoimentos de 145 pessoas e para medir o nível de “Pphubbing” entre os casais, quando os participantes responderam aos nove itens desenvolvidos na primeira parte do estudo.
Também foram medidos na segunda fase os conflitos causados pelo celular, satisfação no relacionamento, satisfação com a vida, depressão e "qualidade" de ligação entre os parceiros, como “ligação ansiosa”, quando as pessoas são menos seguras no relacionamento.
O resultado concluiu que 46,3% dos participantes são “ignorados” por seus parceiros, 22,6% afirmaram que o “Pphubbing” causa conflitos em suas relações, e 36,6% disseram sentirem-se depressivos em parte do tempo. Apenas 32% do total disseram estar muito satisfeitos com seus relacionamentos.
Enfim...
Concordam?

(Fonte: Catraca Livre, 05/10/2015)

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O PEDAGOGO DE FACEBOOK

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Segundo o site de humor SENSACIONALISTA, 98% dos usuários do facebook são especialistas em tudo. Dentre a gama de especialidades, sinto certo incômodo com os que classifico como PEDAGOGOS DO FACE. Este tipo de intelectual nunca pisou em um escola pública da rede básica municipal ou estadual. Geralmente, vêm da classe média e estudou nas escolas elitistas da rede privada ou federal. Adora ler tudo de educação, tem a bibliografia completa de Paulo Freire, assiste todos os dias o Canal Futura e adora participar de encontros com filósofos que nunca lecionaram fora das “universidades de ponta” onde trabalham.
Para estes pedagogos virtuais, os professores atuantes em sala de aula (principalmente nas escolas públicas) são profissionais mal formados e desatualizados que precisam de reciclagens teóricas. Afinal de contas, já estamos no pós-modernismo e é inadmissível que ainda não saibamos o que é isso. Quem sabe, o pós-modernismo pode nos ajudar a lecionar em salas com 60 alunos, com ventiladores quebrados, sem folhas ou materiais básicos. Características estas, mais do que medievais. Será que existe formação para profissionais em situação tão precária?
Segundo o intelectual pós-modernista-facebookiniano, os professores poderiam largar as salas de aula (consideradas prisões institucionais) e lecionar em ambientes alternativos: um professor de biologia pode dar aula no jardim da escola, por exemplo, ou quem sabe ir à um parque. Infelizmente, nosso “Deus” da verdade pedagógica não sabe que a maioria das escolas públicas não tem verba nem para manter um prédio, o que dirá um jardim. Muitas delas, tiveram todas as árvores derrubadas ou o jardim gradeado, já que representava perigo e custos “altíssimos” de manutenção. Árvores frutíferas são consideradas problemas em potencial: afinal de contas, um moleque pode se machucar tentando pegar um fruta, assim, melhor não tê-las. Uma outra alternativa seria o professor de educação musical trabalhar com instrumentos alternativos ou reciclados. Pena que nosso pensador nunca estudou percussão, ele não tem noção do que são 30, 40 ou 50 desses instrumentos; assim como gerenciar estes objetos em prédios sem isolamento acústicos e sem local para armazenar tudo isso. Afinal de contas, são raras as escolas que disponibilizam salas temáticas: muitos docentes chegam a trocar de sala por mais de 10 vezes ao dia. Qual profissional têm pique para várias aulas dessas durante a semana?
Já que não há jardim na escola, podemos levar a escola para o jardim. Seria ótimo se a secretaria disponibilizasse o ônibus. Seria, mas muitos professores desistiram de brigar por eles, já que têm tanto trabalho com solicitações vazias. Agora, se o prefeito aparece no evento, as verbas para o transporte surgem com uma imensa facilidade.
A inter/mega/hiper/transdisciplinaridade é a solução para as matérias arcaicas dos professores mal formados. Entretanto, como um profissional que chega a dar mais de trinta aulas por semana, trabalha em 3 escolas (assim como nos 3 turnos para ter uma condição financeira melhor) e que mal lembra do nome dos alunos (já que são mais de mil), pode encontrar tempo e condições para reunir-se com outros professores e pensar nas estratégias em conjunto? A coordenação pedagogica poderia intermediar, é claro!!! Contudo, em muitos estados e municípios este cargo praticamente não existe, a coordenadoria acaba se tornando um espaço para “encostar” o professor reabilitado, aquele mestre que perdeu a voz de tanto gritar, que desenvolveu algum problema mental, que se acidentou tentando “fugir”/separar  brigas entre alunos ou tudo isso junto.
Ele adora ler as séries, pedagogia segundo: Deleuze, Derrida, Hegel, Foucault, Marx, Hanna Arendt, Rousseau, Gramsci, entre outros. O que o pedagogo de facebook não consegue entender, porque não vive na realidade educacional, é que a teoria pode abrandar, mas nunca irá solucionar problemas de ordem estrutural: condições de trabalho dignas, salários decentes, redução das dezenas de alunos por turmas, entre outros. O professor pode até aplicar a pedagogia segundo Jesus Cristo, mas caso o mesmo Jesus não faça um milagre na estrutura escolar, pouca coisa irá mudar.
A palavra mais proclamada por este pensador é VIOLÊNCIA. A escola é violenta, as aulas são violências simbólicas, o currículo é um imposição. Nosso filósofo adora citar Foucault, só esquece de lembrar que este tema é uma via de mão dupla: o escola e o educador também são violentados (por vários motivos). Inspetores escolares? Nunca! Mesmo que só exista um para dar conta de uma prédio com 3 andares e mil crianças. Isso é VIGIAR E PUNIR, algo abominável, é uma imposição ditatorial: o docente deve trabalhar a autogestão. Muitos acreditam que crianças que são mal tratadas diariamente, pelos pais e sociedade, irão (de uma hora para outras) se organizar e manter a ordem e a paz: mesmo que sejam 60 delas dentro de uma sala de aula caindo aos pedaços e com poucas ferramentas pedagógicas disponíveis.
Sala de aula? Isso é desculpa, pois: segundo pesquisas “internacionais” a infraestrutura conta pouco quando tratamos de eficiência escolar. Mais uma vez, nosso pensador esquece que a maioria destes experimentos acontecem nos EUA ou na Inglaterra onde a variabilidade de recursos é bem menor do que no Brasil. Aqui, ainda encontramos muitas escolas com paredes sem reboco, com goteiras e onde o banheiro é o matagal mais próximo. Crer que estas condições sub-humanas não interferem nos estudos é de uma pureza mais do que intelectual.
Para o nosso especialista, todos estes problemas podem ser solucionados com um pedido formal à secretaria de educação. Ele só não sabe que “em muitos casos”, o profissional que chefia este setor está lá por indicação política, assim como nem é professor ou pedagogo (muito menos de facebook): geralmente um economista, administrador ou braço direito do gestor de plantão. Ministério público? Prefiro nem comentar…
Mesmo repetindo isso inúmeras vezes, não adianta conversar com este nosso amigo. Ele sempre classifica isso como REACIONARISMO, até mesmo com professores filiados à partidos de esquerda. Estas críticas à teoria educacional só “atrapalham o desenvolvimento” da pedagogia. Existem respostas piores: professores não são reaças, na verdade, agem com “vitimismo”.
O que mais me intriga é que este profissional mais do que preparado, poderia estar dentro de uma sala de aula (principalmente das escolas públicas), mostrando a nós, simples e mortais professores, como ensinar de uma forma correta e mais atual, como não sermos reacionários ou deixar de agir como “vítimas”. Entretanto, o pedagogo de facebook apenas filosofa. Prefere investigar a pedagogia sem ser interferido por questões emocionais. Quem sabe ele possa terminar o doutorado e ingressar numa faculdade, e assim, dar aulas sem nunca ter pisado numa sala de aula da rede pública de ensino básico. Atitude interessante?
Falar é muito fácil, é muito fácil sugerir atos heroicos e maravilhosos. O mais difícil é realizá-los. Esses mesmos espectadores se darão conta de que as coisas são uma pouco mais difíceis do que pensam se tiverem que fazer eles mesmos os atos que preconizam.”
(AUGUSTO BOAL)