terça-feira, 16 de setembro de 2014

Discurso Indireto: A SÍNDROME DO FACEBOOK.

Discurso Indireto: A SÍNDROME DO FACEBOOK.: Não cairia nada mal se a ‘doença do facebook’ constasse no DSM V. Longe de ser simplesmente modismo e carência, algumas manifestações qu...

A SÍNDROME DO FACEBOOK.





Não cairia nada mal se a ‘doença do facebook’ constasse no DSM V. Longe de ser simplesmente modismo e carência, algumas manifestações que eclodem nesta rede social beiram a insanidade. O espaço que foi criado com intuito de fortalecimento de vínculos passa longe disso, tornando-se local de exposições exacerbadas dos aspectos mais bizarros de um ser humano. É claro que não se deve generalizar, aqui fala-se de alguns casos específicos.
Fotos de prato de comida, fotos de gente fazendo bico, caretas, post com 10 fotos iguais mudando apenas um fio de cabelo do lugar, de pessoas fotografando a si mesmas em frente o espelho são as mais típicas dos ‘doentes do facebook’, sem esquecer os posts dizendo onde se está, o que se esta fazendo, comendo, enfim qualquer atividade tosca que não diga respeito a ninguém além de si mesmo, como se alguma destas informações fossem uteis para o leitor, amigos, humanidade, ou seja, se tivesse alguma lógica ser expostas tais coisas na rede social.

Lógica, palavra intrigante, a base desta explanação. O doente do facebook tem dificuldade de ter um raciocínio lógico, aparenta ter perdido a noção de realidade, ter criado um mundo particular (comum nos psicóticos) e compartilhar esse mundo com os amigos adicionados e uma maneira no mínimo constrangedora, e o pior: sem constrangimento algum. Coisas ridículas estão sendo expostas como se fossem motivo de orgulho e mais: coisas que nem deveriam estar sendo divulgadas, por serem pessoais, estão sendo escancaradas como se fossem o máximo.

É claro que rendem varias risadas para os equilibrados mentalmente, mas emergem coisas tão inacreditáveis que nem o riso se faz presente e sim a cara de ‘não estou acreditando no que estou vendo’ e certo sentimento de pena da pessoa que se expõe tão vexadoramente.

Cada vez mais as pessoas perdem a noção de certo e errado, bonito e feito, agradável e repugnante, formoso e ridículo. Por vezes, fazem confusão entre estes, como se sua capacidade de julgamento estivesse abalada. Fuga da realidade? Talvez! Quem tem uma vida muito miserável tem como mecanismo de defesa criar uma vida paralela.
O doente do facebook tem como característica principal o fato de viver em função de um outro, este outro que o vê (no caso, que ele fantasia estar o vendo), e vive em função deste como numa tentativa de esconder o quão sua vida é desinteressante a mascarando de felicidade. Então expõe os ápices de sua vida que às vezes é um prato de comida (no mínimo deve passar fome pra expor foto de alimento), ou uma foto tentando esconder os defeitos espichando os lábios (implorando por se sentir menos desprovido de beleza do que sabe que é), foto empinando o ‘bumbum’ e assim por diante! Enfim, todas estas atitudes ridículas são apenas sintomas de pessoas que gritam por socorro, que tem uma vida falida, infeliz, insatisfeita e não conseguiram elaborar isso e acabam usando o facebook como terapia alternativa sem se dar conta que isso só denigre a própria imagem.

Até onde isso vai chegar? Não se sabe! Percebesse apenas que a alienação não é pouca, tem ocorrido em massa. Popularmente se diz que na internet se encontra de tudo e nada mais sensato do que concordar. Tanto a normalidade quanto a bizarrice encontram ai um espaço livre pra se manifestar e proliferar. Comportamentos doentios são reforçados por ser comungado por vários praticantes e vão se estruturando como uma persona de normalidade.


Fonte: Temas de Psicologia