terça-feira, 13 de setembro de 2011

Discurso Indireto: "Quem é o responsável pelo fracasso da educação no...

Discurso Indireto: "Quem é o responsável pelo fracasso da educação no...: Acabamos de obter o resultado do ENEM 2010. Vimos que a situação de nossos alunos não é boa. Qual o grande responsável pelo péssimo desempen...

"Quem é o responsável pelo fracasso da educação no Brasil?"

Acabamos de obter o resultado do ENEM 2010. Vimos que a situação de nossos alunos não é boa. Qual o grande responsável pelo péssimo desempenho de nossos alunos em avaliações semelhantes à esta? Qual a razão do fracasso da educação brasileira? Foi após verificar o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) em todo o país e principalmente, a dois fatos recentes vivenciados por mim, faço os questionamentos acima. Em um primeiro momento, fui responsável pela aplicação da 3ª Avaliação Diagnóstica que é o Plano Inicial de Melhoria da Qualidade do Ensino nas Escolas Estaduais de Goias. Durante a avaliação, verifiquei o quanto nossos alunos são incapazes de interpretar as mais questões que requer raciocínio lógico. Muitos, nem chegaram a ler os textos propostos para o desenvolvimento das questões. Em outro momento, ao solicitar a uma turma da 2ª série do Ensino Médio, que lessem e interpretassem textos referente ao etnocentrismo, deparei com uma resposta que me deixou desesperada; um dos alunos da turma em questão, me disse:"Profª, eu detesto ler...". Foi como se jogasse um balde de fracasso em cima de mim. Mas, logo em seguida pensei: "Como este aluno chegou até aqui? Seus professores anteriores, não o incentivaram o quão valioso e necessário cultivar a prática da leitura? Como, ler nos amplia o conhecimento e consequentemente nos faz um ser social visionário?"
Dessa forma, continuei questionando: "Quem é o grande responsável pelo baixo desempenho de nossos alunos?" Políticos, "o sistema", o capitalismo, as elites, a herança escravocrata? E, foi pesquisando e analisando obras e dados referente ao assunto é que encontrei,a possível resposta: muito do que acontece de bom e de ruim na escola é explicada pela origem familiar.
Compreendi que assim o seja. O establishment educacional brasileiro culpa os pais por não apoiarem suficientemente o aprendizado dos filhos - coisa que eles têm reais dificuldades para fazer, já que quase 60% têm ensino fundamental incompleto - mas também por supostamente transferirem à escola tarefas que deveriam ser da família. A explicação é assim: nós, escola, não conseguimos alfabetizar porque precisamos devotar o tempo que seria do ensino para dar à criança tudo o que lhe falta em casa: afeto, lições de asseio, noções de respeito ao próximo e de ética, cidadania ou meio ambiente. Nossas escolas não conseguiram realizar uma agenda "mínima", ou seja, transmitir conhecimentos e competências, porque estão sobrecarregados com uma agenda máxima, que lhes seria imposta pela sociedade.
Sabemos que algumas responsabilidades familiares são intransferíveis. Cabe aos pais dar aos filhos afeto, cuidar da saúde física e psicológica e transmitir-lhes noções elementares de ética e respeito ao próximo. E, como o mundo não é perfeito, e muitos pais - de todas as classes sociais - não cumprem com suas obrigações. A falência dos pais não transfere ao professor essa responsabilidade. Seria tão absurdo transferir a professores a responsabilidade primeira por transmitir carinho e ética aos seus filhos quanto pedir aos pais que ajudem na alfabetização dos filhos.
Diante de tal conjuntura, a arte de ser professor será com certeza, especialidade em falta no mercado de trabalho. Basta olharmos para os atuais cursos de licenciatura nas universidades brasileiras. Nas privadas, nem com oferecimento das antigas e famosas "bolsas de estudo",turmas estão sendo formadas. 
É viver para ver!