sexta-feira, 19 de agosto de 2011

"Os jovens e o consumo de bebidas alcoólicas."


O uso de álcool entre adolescentes é naturalmente um tema controverso no meio social e acadêmico brasileiro.
Ao mesmo tempo em que a lei brasileira define como proibida a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos (Lei nº 9.294, de 15 de julho de 1996), é prática comum o consumo de álcool pelos jovens – seja no ambiente domiciliar, seja em festividades, ou mesmo em ambientes públicos.
A sociedade como um todo adota atitudes paradoxais frente ao tema: por um lado condena o abuso de álcool pelos jovens, mas é tipicamente permissiva ao estímulo do consumo por meio da propaganda.
Os efeitos do álcool no organismo de jovens são devastadores. Um estudo do governo americano, publicado em 2009, mostrou que a probabilidade de se tornar alcoólatra na idade adulta é de 5% para quem começa a beber depois dos 21 anos e de 25% quando a iniciação ocorre sete anos antes. Além disso, como o processo de amadurecimento do cérebro só se completa duas décadas depois do nascimento, o consumo precoce de álcool pode comprometer seriamente o desenvolvimento desse órgão vital, ao aumentar a probabilidade de aparecimento de problemas cognitivos, como falta de concentração, e de alterações de humor, como depressão e ansiedade. O abuso de bebidas alcoólicas pode, ainda, servir de porta de entrada para outras drogas e comportamento de risco, como fazer sexo sem proteção.
Quase 20% dos meninos e meninas entre 12 e 17 anos bebem pelo menos uma vez por semana. Outro dado alarmante é que, com frequência, o número de doses ingeridas semanalmente é altíssimo: um em cada quatro adolescentes toma, no mínimo, três latas de cerveja, e 10% consomem cinco ou mais garrafas de bebidas ice. O perigo é replicado em todo Brasil: dezenas de meninos e meninas lotam lojas de conveniência e supermercados para os "esquentas". Não raro, tais rituais, que precedem à ida a "baladas", onde beberão mais, acontecem com a permissão dos pais, que também abrem suas casas para a moçada se esbaldar. Isso sem falar das festas de 15 anos em que cerveja, vodca, bebidas ice e vinho são servidos sob o olhar dos mais velhos.
Segundo a psicóloga Ilana Pinsky, vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos de Álcool e Outras Drogas,


  
É comum encontrar pais com uma postura benevolente ou derrotista em relação ao assunto(...) Eles costumam dizer que não há o que fazer, em vez que 'todo mundo consome'(...)

 Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo na Casa do Adolescente de Pinheiros, zona oeste da capital, aponta que 80% dos jovens entrevistados já experimentaram bebidas alcoólicas. Desses, 19% afirmaram consumir álcool mais de uma vez por semana.
Foram ouvidos 436 adolescentes com idades entre 10 e 18 anos de idade. O estudo indica que quase metade dos jovens bebeu pela primeira vez em festas (44,6%) ou em casa, com a família (21,3%). Ainda segundo o levantamento, 20% afirmaram tomar bebidas alcoólicas aliado ao consumo de narguilé, e 14% informaram que misturam bebidas com drogas. 



O governo do Estado de São Paulo lançou no último dia 1º de agosto, um programa exclusivo para combater o consumo de álcool na infância e adolescência. O projeto, que conta com o apoio do Ministério Público de São Paulo e representantes dos bares, supermercados e restaurantes, envolve também diversas secretariais estaduais, como Saúde, Educação, Segurança Pública, Justiça e Comunicação, além de órgãos como o Procon-SP e a Vigilância Sanitária Estadual.


O projeto de lei encaminhado à Assembleia Legislativa prevê aplicação de multas de até R$ 87,2 mil, além de interdição por 30 dias, ou até mesmo a perda da inscrição no cadastro de contribuintes do ICMS, de estabelecimentos que vendam, ofereçam, entreguem ou permitam o consumo, em suas dependências, de bebida com qualquer teor alcoólico entre menores de 18 anos de idade em todo o Estado. Atualmente, o comerciante só pode vender bebidas alcoólicas a maiores de 18 anos.



Os profissionais da área da Educação, como eu, conhecem  perfeitamente a atual conjuntura de nossos adolescentes e jovens em relação ao consumo de bebidas alcoólicas. Que o exemplo do governo estadual de São Paulo, seja seguido pelos demais estados brasileiros. 

Se, Goiás foi o primeiro a aderir a sugestão de Gustavo Ioschpe, quando o mesmo sugeriu que o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) passasse a ser fixado nas "portas" das escolas estaduais, que siga também, o exemplo do governador paulista, Geraldo Alckmin. 



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