segunda-feira, 26 de março de 2012

"Conhecendo um pouco mais cobre o AUTISMO"




 
 
O Dia Mundial de conscientização sobre o Autismo foi instituído pela ONU em dezembro de 2007, que definiu a data de 02 de abril como marco da mobilização mundial para mostrar que há pessoas um pouco diferentes das outras, mas que, na sua essência, são tão humanas quanto todos.

Com um doente a cada 110 crianças, uma menina para quatro meninos, o autismo foi descrito pela primeira vez em 1943, pelo psiquiatra americano Leo Kanner. Em um artigo para a revista especializada Nervous Child, o médico assim definiu um dos onze pacientes sob sua observação: "Ele parece ficar satisfeito sozinho. Não demonstra afeição quando acariciado. Não observa o fato de alguém chegar ou sair e nunca parece feliz em ver os pais". Passados quase setenta anos, a grande luta da medicina é fazer o diagnóstico precoce, de modo a evitar que a criança se feche em seu próprio mundo. Resgatá-la, mais tarde, pode ser impossível. O ideal é que a doença seja identificada até os 3 anos. Nessa fase, o cérebro é ainda um órgão de enorme plasticidade e tem a capacidade de se adaptar a novos mecanismos de funcionamento mediante os estímulos recebidos e as experiências vividas. Graças aos avanços no diagnóstico e no tratamento do problema, 30% das crianças autistas hoje se tornam adultos independentes. Na década de 50, esse contingente chegava a, no máximo, 10%.
É um fascinante avanço, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. Atualmente, a doença é descoberta, em média aos 5 anos. É tarde. Questionários respondidos pelos pais sobre o desenvolvimento de seus bebês são hoje o principal instrumento para o diagnóstico do autismo. Pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, desenvolveram uma tecnologia que promete ajudar na detecção precoce da doença.Conhecida como eyetracking, ainda em fase experimental, ela é capaz de rastrear a direção do olhar de uma criança de 5 meses."O autista não consegue manter contato visual com outras pessoas", diz o psiquiatra Guilherme Polanczyk, da USP e do comitê científico da ONG Autismo & Realidade. O portador do transtorno se interessa pouco por cenas sociais e rostos humanos. Seu olhar mira a boca - e não os olhos de seu interlocutor.

De acordo com o pediatra Ricardo Halpern, presidente do departamento do desenvolvimento e comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria, "Todas as abordagens visam a melhorar a comunicação da criança como o mundo que a cerca, estimular as demonstrações de afeto e diminuir os comportamentos repetitivos. Conforme o grau de comprometimento da criança, o sucesso pode ser quase completo. Alguns pacientes apresentam um desenvolvimento   cognitivo e social semelhante ao de uma criança sem o problema.

Por isso, desde 2007, a Academia Americana de Pediatria recomenda aos pediatras que, em pelo menos duas ocasiões antes dos 3 anos, aos 18 e aos 24 meses, submetam todos os bebês aos testes para detecção de autismo. E, apenas 8% deles, no entanto,seguem tal orientação. No Brasil, não há diretrizes sobre o assunto.

Apesar das conquistas, as causas do autismo ainda não foram, completamente desvendadas. Há pelo menos uma centena de genes associada a ele. Um trabalho publicado em 2010 na revista científica Cell mostrou que, entre os autistas, os neurônios costumam ser mais curtos e, com isso, fazem menos sinapses. Além disso, algumas pesquisas indicam que o distúrbio tende a ser mais frequente entre filhos de matemáticos e engenheiros - pessoas dotadas de grande raciocínio lógico. A contribuir para a complexidade do autismo está o fato de que a doença apresenta uma infinidade de sintomas, nos mais variados graus de intensidade. E pensar que, até muito recentemente, o autismo era atribuído à falta de amor e dedicação maternos das chamadas "mães-geladeira". O que se tem por certo atualmente é que os pais são imprescindíveis no resgate das crianças daquele mundo solitário, só delas.

Vejamos alguns dos comportamentos que podem caracterizar o autismo (mas, a presença de apenas um deles não o determina; além do mais, o diagnóstico do autismo só pode ser feito por médicos, com base em testes de comportamento e questionários respondidos pelos pais):

Aos 3 meses: O bebê não demonstra interesse pela voz humana. Prendem a sua atenção estímulos repetitivos, como o movimento das opas de um ventilador.

De 4 a 6 meses: A criança autista pode apresentar dificuldade em distinguir a voz dos pais. Raramente encontra conforto no colo da mãe e estabelece pouco (ou nenhum) contato visual enquanto mama. Dorme pouco ou inverte o ciclo do sono.

Aos 9 meses: Dar tchau pode ser comum para a maioria das crianças, mas o bebê autista tem dificuldade em imitar gestos, Normalmente, ele só consegue depois de muito estímulo dos pais. É indiferente a pessoas estranhas ao convívio familiar.

Aos 12 meses: As esperadas apalavras "mamãe" e "papai" demoram a aparecer no vocabulário da criança autista. Ela emite sons fora do contexto e tem dificuldade para cumprir ordens simples. Não responde com olhar quando é chamada.

Aos 18 meses: Beijos e abraços podem, ser um problema para a criança autista, que em geral, não gosta de ser tocada e demonstra poucos sinais de afeto. Ela pode ter hipersensibilidade a sons altos e pouca sensibilidade à dor.

Aos 24 meses: Brinquedos e objetos que giram tendem a fascinar a criança autista. As dificuldades de comunicação podem se agravar. É possível que apareçam outros hábitos, como andar na ponta dos pés, girar em torno de si e movimentar as mãos freneticamente em frente ao rosto.

Aos 36 meses: Não se interessa por brincar com outras crianças. O autista pode também ficar incomodado com mudanças na rotina.

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