terça-feira, 11 de novembro de 2014

Uso regular de maconha diminui o tamanho do cérebro.

Os pesquisadores verificaram que, quanto mais cedo se começa o consumo regular de maconha, maior é a sua interferência na estrutura e no funcionamento do cérebro

Os pesquisadores verificaram que, quanto mais cedo se começa o consumo regular de maconha, maior é a sua interferência na estrutura e no funcionamento do cérebro (David Bebber/Reuters/VEJA)

Fumar maconha por mais de seis anos pode causar anormalidades no funcionamento e na estrutura do cérebro. O efeito, porém, depende da idade em que a pessoa começou a fumar a droga. Essa é a conclusão de uma pesquisa publicada nesta segunda-feira no periódicoProceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
“Desde 2007 há um crescimento no número de usuários de maconha. Apesar das mudanças na legislação de alguns estados dos Estados Unidos sobre a droga, ainda são escassas as pesquisas sobre seus efeitos a longo prazo”, diz Francesca Filbey, coautora do estudo e professora da Faculdade de Comportamento e Ciências do Cérebro da Universidade do Texas, nos Estados Unidos.

 Participaram da pesquisa 48 usuários adultos e 62 não usuários, separados conforme sexo, idade e etnia. Todos foram submetidos exames de ressonância magnética e a testes cognitivos. Tabagismo e consumo de álcool foram levados em consideração para a análise dos resultados.
Os pesquisadores concluíram que os usuários de maconha têm um menor volume cerebral numa parte do cérebro associada ao vício, o córtex orbitofrontal, mas maior conectividade cerebral do que as pessoas que não fumam a droga. Nos testes cognitivos, os usuários de maconha demonstraram menor QI. Os estudiosos, entretanto, não associaram esse resultado ao menor volume cerebral.
 Foi verificado também que, quanto mais cedo começa o consumo regular de maconha, maior é a sua interferência na estrutura e no funcionamento do cérebro. “Esse efeito começa depois de seis a oito anos de uso contínuo. Porém, usuários de maconha continuam a exibir conectividade cerebral mais intensa do que os não usuários”, diz Francesca.
De acordo com os autores, o consumo crônico da erva faz com que os neurônios dos usuários se adaptem à diminuição do volume cerebral. Eles alertam, no entanto, que são precisos outros estudos para determinar se essa mudança é reversível e se ela acontece, também, em usuários ocasionais da droga.

Maconha diminui chances de jovem conseguir diploma

Adolescentes que fumam maconha com frequência têm menos chances de concluir os estudos na escola e de conseguir um diploma no ensino superior do que jovens que não são usuários da droga. É o que descobriram pesquisadores após analisarem os resultados de pesquisas feitas anteriormente sobre o assunto. O trabalho ainda indicou que o uso da maconha aumenta em até oito vezes as chances de os adolescentes consumirem outras drogas ilícitas nos anos seguintes.
A nova pesquisa, feita por especialistas da Austrália e Nova Zelândia, se baseou nos dados de 3 765 pessoas que fumavam maconha e que fizeram parte de três estudos científicos sobre os impactos da droga na adolescência. Segundo a análise, publicada nesta terça-feira no The Lancet Psychiatry, fumar maconha todos os dias antes dos 17 anos diminui em até 60% as chances de o adolescente concluir os estudos em comparação com nunca ter usado a droga.
“Nosso estudo fornece uma evidência consistente de que prevenir ou postergar o uso de maconha pode promover amplos benefícios sociais e de saúde”, diz o coordenador da pesquisa, Richard Mattick, professor do Centro Nacional de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade de New South Wales, na Austrália. “Iniciativas para reformular leis sobre o uso de maconha devem ser avaliadas cuidadosamente para garantir que o uso da droga entre adolescentes diminua.  (Fonte: Veja, 10/11/2014)





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